Páginas

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Feira de S. João - Colos 2014

Eis-nos chegados a Junho, isso em Colos implica o mesmo que dizer Feira de S. João, festa, animação e convívio.
A mítica feira de Colos, que marcava o inicio do Verão, acontecia ao dia 24 de Junho (S. João), aquela que ia desde o Moinho até ao Poço Sacudo, da Curva do Adelino até à casa do Alfaiate, a feira que ocupava por completo a Eira da Lagoa e cercas anexas, essa feira que continua viva e saudosa na memória de tantos colenses de diferentes gerações, já não existe, a própria Eira da Lagoa desapareceu debaixo de uma montanha de betão!
O moderna Feira de Colos, agora realizada no fim de semana anterior ao dia 24 de Junho, (dia de S. João), e organizada pela Associação Colos XXI (Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Colos) com o apoio da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal de Odemira, tenta encontrar o seu lugar no contexto regional e no enquadramento de outras feiras e certames que se realizam actualmente um pouco por todo o lado no Alentejo e no País.
A actual Feira de S. João já não é a tradicional feira de tendeiros e ciganos, as ruas de barracas de calçado, roupa, ferragens, quinquilharias e afins fazem falta, mas já não são a maioria, são uma minoria com cada vez mais tendência a desaparecer, infelizmente, porque emprestam aquela essência da feira antiga em vias de extinção.
Muitos, como eu, teremos saudades do carrossel da nossa adolescência, dos carrinhos de choque, do Circo Europa (ou outro qualquer, mas o Europa fica na memória porque assentava arraial todos os anos), da barraca dos tiros (e das miúdas), das barracas com balcão vidrado que vendia todos os brinquedos que uma criança podia querer num tempo que ainda não havia a Toys r us nem similares.
Saudades da Feira do Gado que se realizava "do café das Bombas para baixo" e que era ela própria "uma feira dentro da feira".
Os mais antigos concerteza terão ainda saudades da tradicional barraca das meninas, que junto ao Moinho, um pouco à margem da feira, fornecia serviços de alcova para graúdos e miúdos na puberdade!
Tudo isto desapareceu, a feira tradicional está confinada ao campo de futebol de Colos, e a moderna feira cresce e afirma-se nos terrenos ao lado, com tudo para crescer, forte nas sustentada, assente na humildade e paciência de uma geração que quer deixar um bom legado para um futuro de maior desenvolvimento, prosperidade e abundância.
A edição 2014 da Feira de S.João, continuando a linha traçada nos últimos três anos, assenta em cinco pilares: Feira Tradicional; Pavilhão do Gado; Tenda de exposições de artesanato e produtos regionais; Tasquinhas e Animação.
Da Feira Tradicional já falei, esta confinada ao campo de futebol e com tendências para desaparecer, e isto deve-se a diversos motivos sendo um deles fundamental: o desaparecimento do local mãe da feira por excelência: A Eira da Lagoa, que junto à Estrada Nacional 389, dava uma outra visibilidade à feira e atraia muitos mais visitantes. Actualmente, por muito, ou mais, que se pense em revitalizar a feira tradicional, penso que estará condenada à penúria, apenas tendo salvação se mudada para um espaço adequadamente preparado para o efeito, talvez quando, a fazer fé nos rumores existentes, a Câmara Municipal ou a Junta de Freguesia adquirirem a totalidade do actual terreno da feira, que chega até à Estrada Nacional 389, devolvendo assim a Feira à estrada e atraindo uma maior afluência de vendedores, clientes e visitantes.
A retirada do dia 24 como dia essencial para a feira foi uma decisão estratégica e decisiva, as actuais feiras modernas não podem ficar reféns de datas, embora essas precisem de continuar a ser um ponto de referência.
O Pavilhão do Gado (pecuária) vai continuar a ser um dos mais concorridos, numa região onde predominam os criadores de ovinos, suínos, bovinos e equinos, a feira de S. João oferece uma exposição pecuária proveniente de vários criadores da freguesia, promovendo assim os contactos e negócios, estimulando a economia local.
A Tenda de Exposições será, certamente e mais uma vez, uma mais valia importante e um local de visita obrigatória. O artesanato e os produtos regionais serão as principais atracções desde espaço, mas haverá também, entre outros, a Cruz Vermelha, a Sociedade Recreativa Colense (que este ano completa 80 anos de história), a Associação de Pais, etc...
As tasquinhas, ou barracas dos comes e bebes, como são geralmente chamadas na gíria popular, serão os sítios de encontro e convívio, proporcionando a bebida e a comida a todos os visitantes da feira e artistas presentes. Este ano as cinco barracas estarão ocupadas pelas seguintes entidades: Cruz Vermelha, Sociedade Recreativa Colense (SRC), Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Colos e Associação de Moradores do Campo Redondo e Ribeira do Seissal, estes últimos a fazer a sua estreia na Feira, que, todos esperam, corra da melhor maneira possível. O quinto espaço será para o restaurante explorado em conjunto pela SRC e Associação de Pais, o que também é uma estreia na feira e concerteza vai, finalmente, tapar uma das maiores lacunas da feira, que era a falta de um sítio para comer a preços razoáveis e onde a oferta fosse popular e agradável. Com a habitual dinâmica que os responsáveis da SRC e Associação de pais nos habituaram, este restaurante será certamente, mais um motivo de orgulho para a feira.
Finalmente a animação, que este ano se apresenta mais equilibrada e com maior diversidade artística e etnográfica, oferecendo ao público artistas variados, e até posso dizer, com ofertas para todas as idades, desde o rock dos 4Ever até ao baile animado pelos Karisma, passando pelos grupos corais, marchas populares e a música tradicional portuguesa do agrupamento musical Banza.
De salientar também a introdução de actividades de cariz mais radical, como por exemplo o tiro com arco e slide, promovidas por algumas das diversas entidades exploradoras das tasquinhas, neste caso a SRC, o que faz todo o sentido pois vai na direcção da diversidade e desenvolvimento da feira visando a satisfação de todos os visitantes.   
Também de salientar que a edição 2014 da feira apresenta esta oferta de animação sustentada em bons alicerces, diversificada e equilibrada, não entrando em megalomanias mas também não caindo na oferta de mediocridades desequilibradas e sem qualidade que já se verificaram em edições anteriores.
De salientar ainda a realização de um colóquio nas instalações do antigo jardim de infância, subordinado ao tema: "Novas medidas da PAC" (Politica Agrícola Comum) 2013/2020
No final da Feira, Domingo dia 22 de Junho, terá lugar a tradicional Tourada à Alentejana, que este ano se espera menos violenta que no ano passado. 

Fernando Martinho